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Exercícios físicos na quarentena: cuidando de si em casa

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por Caroline Oliveira

Com a pandemia de Covid-19, o Brasil presencia uma situação de extrema dificuldade: o isolamento social prolongado. Em um primeiro momento, a quarentena implicou o fechamento de muitos comércios que não são considerados essenciais, dentre eles as academias e centros de treinamento.  A nova rotina de ficar em casa e realizar diversas atividades de modo remoto faz com que a luta contra a ociosidade e o sedentarismo esteja mais presente do que nunca. A adaptação nos modos de manter as práticas de atividades físicas foi a estratégia encontrada para que muitas pessoas pudessem prosseguir com hábitos saudáveis, que favorecem tanto os aspectos físicos quanto mentais.

Adaptando-se ao ambiente

A grande mudança em questão diz respeito ao ambiente. Praticantes de exercícios de musculação, yoga, alongamentos e danças agora enfrentam o desafio de realizar suas movimentações nos seus próprios lares. Para a professora de matemática Bruna Souza, de 30 anos, sua maior adversidade tem sido encontrar um local livre em sua casa para a realização de suas atividades de crossfit. A professora conta que, desde o dia 19 de março, optou por não frequentar mais academias, visando à segurança de todos. Bruna vive durante a semana na casa da irmã e precisa encontrar formas alternativas para manter seus exercícios na rotina diária. Segundo a professora, a falta de um cômodo livre na casa e de equipamentos de peso faz com que ela tenha que se esforçar diariamente para se manter motivada. A ideia que lhe ocorreu foi produzir seus próprios equipamentos utilizando galões de 5 litros cheios com água como substitutos para os pesos. 

 Sobre a ausência de um cômodo vazio, contrastando com o fato de mais pessoa viverem juntas na casa, Bruna diz que buscou reajustar seus horários. “Eu geralmente treinava à noite, eu comecei a treinar durante o dia faz uma semana… e eu tenho que me adaptar à rotina da família da minha irmã, né? Encontrar formas de seguir as minhas atividades no mínimo três vezes durante a semana, de acordo com as condições do momento”. Bruna conta ainda que realiza suas aulas de crossfit juntamente com uma amiga e sua educadora física, por meio de videochamadas via aplicativo Zoom ou WhatsApp. “É uma forma que a nossa treinadora encontrou de continuar nos acompanhando e também de não deixar a gente desistir, já que aqui ninguém mais realiza nenhuma atividade física, assim eu sinto que tenho mais força de vontade…”, salienta a professora.

Bruna Souza realizando seu treino no quarto // Foto extraída de arquivo pessoal

O papel das redes sociais

Mantendo a linha de pensamento, o educador físico Rodrigo Bicudo promoveu estratégias similares para continuar trabalhando com os seus alunos. O treinador vive em São Paulo, um dos locais onde há os maiores registros de casos do vírus. Ciente dessa realidade, Rodrigo passou a dar aulas online pelo Instagram. Durante três dias na semana (segunda, quarta e sexta), ele realiza lives com aulas de condicionamento físico. A iniciativa gerou tanto engajamento nas redes sociais a ponto de as lives passarem a contar com cerca de 300 a 400 participantes se exercitando ao mesmo tempo, ainda que de forma remota.

O grande foco do professor com formação em educação física é a corrida de rua. Rodrigo ministra um projeto de monitoria para pessoas interessadas em começar a correr ou aumentar o alcance de quilometragem, nas corridas de rua. Ao todo, ele orienta cerca de duas mil pessoas por meio do projeto nomeado “Bora Correr”. Em seu perfil no Instagram, a maioria dos seus vídeos publicados estão relacionados com conteúdos para o público interessado em correr. Mas com a conjuntura dos acontecimentos, Rodrigo se viu na responsabilidade de trazer aos seus seguidores e alunos alternativas que pudessem manter a saúde do corpo e da mente em dia. A partir de então foi criado o desafio Todos Juntos, o objetivo é fazer com que participante se comprometa em seguir a rotina de se exercitar em tempo real, e que convide mais uma pessoa próxima para realizar o mesmo treino, cada um em sua casa.

Desta forma, existe um comprometimento da dupla em seguir 12 treinos ao mês. “Quando a gente tem mais pessoas fazendo a mesma coisa, a gente tende a não desistir, né…”, comenta Rodrigo. Para participar, basta assistir com frequência as lives e utilizar a hashtag #DesafioTodosJuntos, ou até mesmo postar nos stories um sinal de engajamento com o projeto.  O educador ainda fala sobre o auxílio que a prática de treinos em casa pode exercer sobre os pensamentos ansiosos e preocupações que abalam a saúde mental e emocional. “É o momento também de sair do foco do problema e encontrar uma solução. Quando termina o exercício há aquela sensação boa de dever cumprido, e isso traz inúmeros benefícios…” complementa Rodrigo.

Confira na integra a entrevista de Rodrigo Bicudo realizada por áudio no WhatsApp:
Rodrigo em sua primeira live do "Desafio Todos Juntos". Para acessar o conteúdo do vídeo, acesse o link: https://www.instagram.com/tv/CA6A1p4n78s/?igshid=omtux63269gf

Fortalecendo a imunidade

Além de auxiliar na saúde mental e humor, o exercício físico é um grande aliado para o aumento da imunidade, de acordo com a endocrinologista e metabologista Bruna Nogueira Würdig, médica gaúcha que atua na cidade de Novo Hamburgo. E em tempos de pandemia, a imunidade passa a ser um fator de extrema importância para a saúde. A médica salienta que somente a atividade física não é suficiente para o combate do novo coronavírus, mas atua deixando o organismo mais resistente e protegido contra outras doenças que podem ser fatores determinantes para potencializar a ação do vírus. “Fortalecendo o sistema imunológico, a resposta do organismo será mais eficiente contra diversos casos de infecção… é praticamente consenso entre os estudiosos que a prática regular de atividades físicas pode ser uma aliada no aumento da imunidade”, afirma a endocrinologista.

Segundo a especialista, a prática regular e moderada de exercícios físicos acarreta também no fortalecimento dos ossos e músculos, melhoria no condicionamento cardiorrespiratório, redução do risco de diabetes e fibromialgia. A médica ainda adiciona uma dica para as pessoas que tem sentido a sensação de ociosidade durante a quarentena, e não dispõem de uma rotina com a inclusão de treinos ou outras atividades físicas: “Relógios e smartphones com contadores de passos e batimentos cardíacos podem ser aliados a ajudar a ver o quanto tem se movimentado, em torno de 6 a 10 mil passos por dias são necessários para considerar que o indivíduo não seja sedentário”, finaliza Bruna Nogueira.

 

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