ESPM Porto Alegre recebe professora da Universidade de Loughborough em conversa sobre tendências da pesquisa em comunicação

“Temos que pensar a comunicação como um campo que influencia todos os outros campos da sociedade”. Essa foi uma das principais ideias defendidas pela professora Ana Cristina Suzina durante sua palestra virtual Perspectiva da Pesquisa em Mídia e Indústrias Criativas, oferecida à comunidade acadêmica da ESPM Porto Alegre nesta terça-feira. A pesquisadora ressaltou a importância de eventos como as eleições na União Europeia em 2019 e a pandemia do coronavírus por serem “grandes laboratórios para os pesquisadores compreenderem o impacto da mídia na rotina dos cidadãos”.

Formada em Jornalismo pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ana Cristina hoje atua como professora e pesquisadora da Universidade de Loughborough, no Reino Unido. O foco de seu trabalho são as relações entre comunicação, movimentos sociais e democracia, com interesse especial nas sociedades latino-americanas. Além de especializações em História e Sociologia, Ana Cristina também é mestre e doutora em Ciência Política.

Entre os tópicos abordados na palestra, um dos mais discutidos foram as “democracias autoritárias”, e se o governo Bolsonaro se encaixaria ou não nesse conceito. Ainda no campo da política, a pesquisadora comentou sobre o aspecto da neutralidade da imprensa no Brasil, dizendo que a realidade da mídia em outras partes do mundo é bem diferente. “Na Europa, o normal é o veículo de comunicação ter um posicionamento político claro e evidente. Assim as pessoas podem escolher se querem ler um jornal que esteja em concordância com partidos de direita, de esquerda ou do centro. É um fato já estabelecido pelos europeus há muito tempo.”

No âmbito da pesquisa em si, a professora chamou a atenção para os obstáculos comunicativos entre autores internacionais com relação a outras línguas. “Quando apresentamos uma publicação em português, geralmente uma das primeiras perguntas é ‘não tem uma versão em inglês?’”, lembrou entre risos. Por fim, Ana Cristina afirmou que uma das missões dos pesquisadores nesse momento é avaliar “como direcionamos essa crise de saúde para responder a problemas mais amplos da sociedade, como questões migratórias e desigualdade.”