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O impacto que o entretenimento tem na saúde mental em meio à pandemia

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Por: Gabriela Mantay, Matheus Severo e Melany Luersen Vidal

O Brasil está prestes a atingir 500 mil mortes por COVID-19, com tal índice e com o país completando mais de um ano com a pandemia, tornam-se evidentes as sequelas que a doença traz não só físicas como psicológicas. Há quem foi contaminado, há quem continua trancado em casa, há ainda aqueles que gostariam de se sentir seguros, mas necessitam estar nas ruas trabalhando. O psicológico de muitas pessoas vem sendo afetado, e existem muitos mecanismos para espairecer a mente humana, um deles é o entretenimento, sobretudo o digital, o qual vem tornando mais leve a rotina das pessoas em meio à pandemia.

O entretenimento também passou por uma transformação, não sendo mais possível consumi-lo de forma presencial, o mesmo teve que se reinventar digitalmente, e as pessoas, da mesma maneira, migraram para plataformas digitais. Kátia Klock Anton, de 20 anos, supervisora logística, diz que, antes da pandemia, para passar o tédio, ia ao cinema para espairecer, mas que não consumia entretenimento online, já agora, afirma que se rendeu ao entretenimento digital, “Sem poder sair e com muito mais tédio e tempo de sobra, me entreguei e agora confesso que é a primeira coisa que penso em fazer, mesmo não tendo tempo.”

Com o aumento do consumo do entretenimento digital, muitas pessoas buscam o mesmo como uma forma de válvula de escape e distração em meio ao caos que a pandemia vem ocasionando, de acordo com Fernanda Mariani , estudante, de 17 anos, “O que me levou a consumir o entretenimento digital foi pandemia, a gente não tinha como sair, não tinha acesso aos amigos e as únicas formas de diversão estavam no celular e nas redes, no TikTok, na Netflix, então foi quase automático.” A realidade de Fernanda está sendo a mesma de muitos brasileiros e acaba atingindo diferentes meios sociais. O entretenimento digital possui vários benefícios, desde que seja utilizado com equilíbrio, além de ser um ótimo aliado para os entediados em casa ou para diminuir o estresse daqueles que não têm escolha e necessitam estar expostos nas ruas.

A chegada deste novo vírus mudou drasticamente a rotina de todos pelo mundo. As ruas estão mais vazias. Comércio, escolas, escritórios e cinemas fechados. O que antes era presencial, agora é online. Não se pode mais visitar amigos, fazer festas em família, ir a shows, abraçar ou beijar quem se gosta. Manoela Herold, estudante, de 17 anos, acredita que o entretenimento digital a ajudou no aspecto da saúde mental em meio a pandemia, pois proporcionou os sentimentos de felicidade e acolhimento por outras pessoas em suas casas por compartilharem o mesmo que ela.

Apesar das recomendações da OMS protegerem a população de entrar em contato com o coronavírus, infelizmente as pessoas estão mais vulneráveis a outros tipos de situações, muitas vezes psicológicas. Segundo Brunna Jaeger, mestre em medicina e ciências médicas da UFRGS e Neurologista Cognitiva, que concedeu uma entrevista via WhatsApp: “O isolamento social, luto, prejuízo financeiro, medo e insegurança são possíveis fatores que podem desencadear ou intensificar os problemas de saúde mental. Muitos encontram-se mais ansiosos, depressivos, com insônia, agitação, desânimo, transtornos alimentares”.  

De acordo com a especialista, o entretenimento tem sido sim uma forma de refúgio. “Como tudo na vida, é importante ter equilíbrio, e isso vale também para o uso do entretenimento digital, que pode ser sim usado como ferramenta para melhorar a saúde mental.” A neurologista também falou sobre a importância de rodear-se de conteúdos de qualidade, para ajudar a neutralizar e melhorar sua saúde mental. “É importante valer-se de conteúdos de qualidade, que acrescentem para o bem-estar, qualidade de vida e desenvolvimento pessoal.” 

Créditos: Arquivo pessoal

Gio Lisboa, de 22 anos, produtor de conteúdos de comédia na plataforma TikTok e participante do quadro “Pretinho Básico” da rádio Atlântida, afirma: “A comédia ajuda muito no processo de depressão e na vida mesmo, é uma válvula de escape. A comédia traz um bem-estar fisiológico para o corpo, então muitas pessoas acabam até mesmo se viciando na comédia, ela consegue ver a vida de uma forma mais aberta. Já recebi vários relatos, mas tem um que eu nunca vou me esquecer: um menino, que a mãe dele estava com câncer, ele tinha 10 anos, pegou o celular do pai dele e mandou um áudio para mim dizendo, ‘Provavelmente minha mãe não irá sobreviver, mas os teus vídeos me acalmam e acalmam a minha mãe também’. Para mim aquilo foi muito marcante, pois não sabemos, muitas vezes, até onde o nosso trabalho chega, foi mágico.” 

São relatos como o de Gio e Brunna que fazem refletir acerca dos benefícios que o entretenimento traz para a saúde mental em meio à pandemia. Dessa maneira, foi realizado um questionário de maneira online, no qual 714 participantes entre 15 a 29 anos responderam informando os benefícios e quais as plataformas mais utilizadas pelos mesmos em meio à pandemia. Confira abaixo:

Ao lidar com essas questões, sabemos que uma parcela dos brasileiros estão sofrendo e têm seus problemas. Em questão, os jovens têm tido um outro tipo de visão sobre esse momento atípico. Reféns de não poderem viver certos momentos da vida, e mesmo com tudo isso, continuar com suas obrigações, algo serviria de refúgio. As redes sociais entraram e se tornaram protagonistas na vida de milhares de adolescentes e jovens adultos. A psicopedagoga Magela Lindner, licenciada em pedagogia, ex-secretária de educação da cidade de Esteio, que atualmente está em atividade como Consultora de Projetos na Encyclopedia Britannica, compartilhou a visão da escola e dos professores, quanto a saúde mental dos jovens e como lidar com a tecnologia neste momento. Seria ela, uma vilã ou uma aliada? 

Segundo a psicopedagoga, ela afirma que as redes sociais precisam se tornar aliada da escola. “Eu tenho certeza absoluta que redes sociais como o YouTube, Instagram, Facebook, Twitter o que for, até o Tiktok e outras ferramentas, elas precisam ser trazidas nesse ambiente já que ela acaba sendo uma realidade de entretenimento para todas as pessoas, então não pode ficar de fora da vida delas.” Além disso, Magela responde sobre o quão benéfico é para saúde mental de um jovem consumir o entretenimento digital “Acho que o que não pode na nossa rotina, e principalmente na rotina dos jovens é deixá-la engessada, ninguém gosta, acaba acarretando em outros problemas, ainda mais nessa pandemia. Então o entretenimento é hoje, durante esse período um aliado, sim.” 

Como tudo na vida, é necessário equilíbrio, a psicopedagoga Magela reafirma que o entretenimento teve um papel de extrema importância nesse momento, “O entretenimento é fundamental, a gente precisa relaxar.” 

George Inácio Viana de Abreu, de 24 anos e estudante de enfermagem na UFRGS, fala sobre a influência que sofreu ao consumir o entretenimento digital durante a pandemia, segundo o universitário “Ajudou totalmente, com eles desliguei em boa parte dos meus problemas do dia a dia. Ajudaram a fazer meu tempo passar, saudade da família e amigos, amenizar um pouco. Diria que são responsáveis em boa parte pela manutenção da minha saúde mental.”. São relatos e contribuições como os do estudante de enfermagem onde é possível perceber que o entretenimento digital utilizado na medida certa é sim algo positivo a se recorrer.